quinta-feira, 12 de agosto de 2010

História
Uma breve história do Carnaval de Juazeiro
Por Rosy Costa – historiadora e pesquisadora
Em Juazeiro, (BA) o carnaval foi oficializado em 1914, com a fundação do clube carnavalesco Embaixadores de Veneza, com muito luxo, pedrarias, carros alegóricos, despertando assim o espírito carnavalesco no Juazeirense

Carro Alegórico Palácio de Versailles - Carnaval dos Anos 50
festivo. Caracterizou-se nos três dias de folia, com entrudos (brincadeiras de água) e talcos ou outros tipos de pós.
Durante o dia os clubes centrais, como Sociedade Apolo juazeirense, 28 de Setembro, Artífices Juazeirense e outros, recebiam os animados foliões, fantasiados com confetes, serpentinas e lança perfume Rodouro (metálica), para as dançantes matinées, ao som do jazz ou orquestras vindas de Jacobina e da própria região.
Quem não queria brincar em clubes ficava pelas ruas pulando ao som das músicas transmitidas pelas caixas de som instaladas nos postes (rua da 28 de Setembro e rua d’Apolo ) ou sambando ao batuque de alguns foliões mais animados. Uns mascarados de monstros (látex) correndo atrás dos meninos,

Carro Alegórico da SOC Apolo Juazeirense - O Globo giratório
homens vestidos de mulher, com soutien, saia curta de babados, sapato alto e sombrinha, outros nos mais extravagantes trajes.
O povo enchia as bisnagas de perfume, xixi ou mesmo água e jogava nos mascarados que passavam em grupos. Dentre esses mascarados destacava-se o grupo de mulheres casadas, que logo após os afazeres domésticos, colocavam uma mortalha de preferência estampada, com um capuz escondendo o rosto, luvas para esconder a aliança (naquele tempo mulher casada não ficava sem aliança), e meias grossas com sapatos sete vidas (conga), fala fina e andar diferente, para não serem reconhecidas.
E lá saía o grupo entrando nas casas conhecidas, cantando, bebendo e comendo, até as dezoito horas quando regressavam ao lar. Contavam algumas que entravam nos bares e sentavam no colo dos próprios maridos e eles, cheios de vida, pensavam que eram as outras.
À tarde também acontecia o desfile de carros, de preferência sem capota, tipo Fubica, Jeep e caminhonetes, que subiam a Carmela Dutra e desciam

Carro Alegórico - 25 cogumelos da 28 de Setembro
pela rua d’Apolo, formando assim o famoso Corso, (desfile de carros repletos de foliões) com lança perfumes, fantasias, confetes e serpentinas, combinando com a alegria do povo que assistia nas calçadas e aplaudia o carro mais animado e enfeitado. Isto ia até às 18h30, quando se iniciava o desfile dos blocos ou cordões das “Mulheres da Boa Esperança”- Verdadeiro Show de luxo e beleza. Após esse horário cada um ia para sua casa descansar, pois no outro dia começava tudo de novo.
A partir de 1955, à noite, as batucadas faziam a festa disputando o título da melhor do ano, mas nada igual à batida cadenciada da Cacumbú.
A porta bandeiras criava malabarismos e os componentes orgulhosamente ostentavam o nome da escola, contando com a participação do povo que cantava e dançava até às 23h, quando se ouvia o hino da 28 de Setembro e da Sociedade Apolo Juazeirense, avisando que o carnaval nesses clubes estava começando para terminar com o nascer do sol.
A Quarta feira de Cinzas tinha o sabor do bem e da saudade: “São três dias de folia e brincadeira, você pra lá e eu pra cá até quarta-feira…”.
Hoje o carnaval de Juazeiro se adéqua aos novos tempos. Trios Elétricos, blocos disputando qual o mais bonito abadá e camarotes completam a festa de momo. Mas a tradição dos antigos carnavais de fantasias e máscaras ainda caminha pelas ruas de Juazeiro.

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