
Este é um caso à parte. Enigmático, cheio de acordes dissonantes e inusitados, seu violão reinventava a tradição rítmica brasileira ao atrelá-la à harmonia moderna para sempre. Enquanto a mão esquerda esticava-se para pressionar cordas distantes umas das outras, a direita recolhia-se quase fechada, com o polegar conduzindo o ritmo grave nas cordas mais grossas como um surdo de escola de samba e os outros dedos puxam as cordas mais finas, repetindo o toque do repique. Por cima, a voz.
Que voz. Nem rompantes de divas de jazz, lamentos dramáticos do samba-canção ou cantos bon vivant dos clones de Sinatra. João canta com a intensidade de quem conversa, calmo e sereno, deixando o som vibrar o mínimo possível.

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